SOLIDARIEDADE
Persistência: Silvani busca auxílio para que possa voltar a andar e cuidar da família
   
Nesta matéria contamos a história de superação da moradora de Rio Pequeno que sofreu um acidente grave aos 8 meses de vida.

Por Catiéle Vogt
30/07/2021 16h45

A vida é repleta de desafios, obstáculos e dificuldades e nestes momentos surge o cansaço, o desânimo, a vontade de desistir e isso atrapalha e dificulta a conquista dos nossos objetivos. Mas há pessoas que apesar de todas as dificuldades que possam surgir, encaram a vida com persistência, disciplina e alegria. Por isso, hoje contaremos a história de Silvani dos Santos, de 36 anos, que é um exemplo de superação.

A moradora de Rio Pequeno, interior de Sinimbu, sofreu um acidente quando tinha 8 meses, no qual acabou perdendo as duas pernas. “Era inverno de 1985. Morávamos no interior de Linha São João. Meus pais eram agricultores. Minha mãe foi lavar roupa num riacho, e me deixou no quarto dentro de um cesto e meus irmãos ficaram brincando no lado de fora e meu pai foi na lavoura. Minha mãe contou que quando foi estender as roupas e viu que o casebre de madeira estava pegando fogo, ela entrou e me viu na frente do fogão. Meus irmãos  foram brincar no fogão e queriam me esquentar e acabou que caiu brasa em cima de mim. Ela me pegou e saiu pedindo ajuda, ganhou carona e quando chegamos no Hospital de Sinimbu, não tinha o que fazer, pois era queimaduras de terceiro grau. Fomos para o Hospital Santa Cruz, e lá quem me salvou foi o Dr. Oscar Paulo Sachett”, detalha.

Após o acidente, Silvani teve que ter forças para conseguir superar os desafios que estavam por vir. Ficou internada no hospital até um ano de idade, mas durante o processo teve duas paradas cardíacas, devido às trocas de curativos em que era necessário realizar anestesia geral.

INFÂNCIA

Apesar de todos os obstáculos que a sinimbuense enfrentava diariamente, ela comenta que teve uma infância boa. “Eu e minha irmã Lisane éramos muito ligadas, brincávamos bastante (na época morávamos em Paredão São Pedro). O tempo era dividido em ficar em casa ou no hospital fazendo cirurgias. Nesta época passamos por dificuldades financeiras, éramos muito pobres”. Com 3 anos, ganhou sua primeira prótese com a ajuda da antiga LBA ( Legião Brasileira de Assistência) e também frequentava a APAE ( Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

ESCOLA

Como o colégio onde seus irmãos frequentavam era muito longe. O professor do educandário inscreveu Silvani com 7 anos, para estudar em uma escola de educação especial em Porto Alegre. “Minha irmã não queria que eu fosse. Meu pai me levou, mas eu chorava muito, pois não queria ir. Então meu pai disse uma frase que nunca mais esqueci. ‘Daqui para frente você precisa ser forte e não chorar mais’”, revela.

O colégio que frequentou era o Educandário - Centro de Reabilitação São João Batista na capital. Lá estudou até a 4º série, fazia fisioterapias, aulas de teatro, cirurgias. Em 1994, aos 9 anos, participou dos jogos Estudantis Brasileiros em Recife/PE, ela viajou com o comitê brasileiro. “Eu ganhei ouro nos 200 e 400 m e prata nos 100m. Fizemos escala em Brasília, conhecemos vários lugares”.

Em Porto Alegre, fez sua primeira Eucaristia e Crisma. Para a formatura da Crisma, apenas sua mãe pôde ir. “Nesta época, minha irmã e melhor amiga com 13 anos se suicidou”, comenta.

ADOLESCÊNCIA

Com 14 anos, conheceu seu primeiro namorado. Um momento não muito fácil, devido ao preconceito que sofria dos pais do namorado, que não a aceitavam. Silvani engravidou aos 15 anos e apesar de tudo, teve uma gravidez tranquila. “Foi parto normal, só tive hemorragia por causa de uma anemia não tratada”.

Após isso, o casal e a filha decidiu morar de aluguel em Sinimbu para Silvani estudar de noite na Escola Estadual Frederico Kops. Ao terminar o ensino médio, fez cursos.

Aos 32 anos, teve seu segundo filho e acabou ganhando muito peso. Atualmente mora em Rio Pequeno, com seu filho Gabriel, seu marido Adair e sua sobrinha. “Tomo medicação para depressão, síndrome de pânico e tenho ataques. Até seria de grande ajuda se a prefeitura me ajudasse a ter uma casa mais perto de Sinimbu para ter mais independência mesmo com a cadeira”, frisa.

PRÓTESES

Uma das primeiras próteses da sinimbuense foi doação da Ortopedia Monros de Porto Alegre, que durou 10 anos, depois disso teve de recorrer ao SUS. Na última  quarta-feira, dia 28, foi para a capital ver o orçamento das próteses e o ortopedista disse que há muitos erros em relação aos cotos de amputação de Silvani. “Tenho vários enxertos de pele nos cotos e como estas próteses estão disformes dos meus cotos não consigo caminhar direito e nem ficar de pé muito tempo. Só os copos das próteses custam R$6mil”,

Ela espera conseguir o dinheiro para as novas próteses, para facilitar sua vida e conseguir realizar tarefas simples que antes eram possíveis. Em suas redes sociais ela explicou sua situação e espera que as pessoas possam ajudá-la. “Com as pernas boas eu faço quase tudo, que em breve eu consiga minhas próteses”, finaliza. 


   

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